A questão da exposição ocupacional a agentes químicos deriva da sua extensa utilização na maioria das actividades humanas — são elementos indissociáveis dos processos industriais; em cada vez maior escala são utilizados na agricultura; de modos diversos estão identificados no contexto de inúmeras situações no comércio e nos serviços.
A especificidade dos aspectos relativos à utilização profissional das substâncias químicas e, portanto, da consequente exposição dos trabalhadores, justificou (e justifica) o desenvolvimento de abordagens particulares, com base no conhecimento sobre a toxicidade e as alterações biológicas que os agentes químicos determinam sobre o organismo do homem em actividade de trabalho, com o objectivo de evitar os inerentes riscos e de ser possível promover a saúde dos trabalhadores a eles expostos.
As estratégias de prevenção dos efeitos sobre a saúde derivados do exercício profissional com exposição a agentes químicos implicam especificidades de conhecimento e metodologias próprias de actuação, sendo indispensável o seu domínio para que se tornem eficazes e alcancem os objectivos subjacentes. E, se bem que aplicáveis (aos mais diversos níveis) para grupos de trabalhadores expostos em circunstâncias similares, requerem um cuidado particular no que respeita à individualidade de cada exposição, quer pela diversidade de cada tarefa quer, e principalmente, pela particularidade das características de cada um dos expostos.
Com frequência, a avaliação dos riscos para a saúde na exposição a agentes químicos baseia-se essencialmente na determinação da dose externa, ou seja, na concentração da substância no ambiente de trabalho em que encontram os trabalhadores (expostos).
É, inquestionavelmente, um elemento de elevada importância e, por vezes, a única ferramenta possível de utilizar. Contudo, o seu valor considerado isoladamente pode ser (e será) parcelar e insuficiente para uma verdadeira valorização do risco para cada um dos trabalhadores expostos.
Toxicidade e perigosidade
A Toxicidade de uma substância, entendida como a sua capacidade para determinar efeitos deletérios para a saúde do indivíduo exposto, é uma característica própria, independente de qualquer outra variável, estando intimamente relacionada com as características químicas da substância e a capacidade de as suas moléculas interagirem com as do organismo. Esta toxicidade pode manifestar-se, entretanto, a velocidades, de modos ou com intensidades diferentes consoante questões circunstanciais, possibilidade essa que se designa por Perigosidade. Por exemplo, na exposição a sílica ou a amianto, mesmo em condições muito idênticas, o risco de cancro do pulmão é significativamente superior para trabalhadores que sejam habituais consumidores de tabaco. Factores de natureza individual, deste modo, podem diferenciar um risco para a saúde para cada um dos elementos de um grupo de trabalhadores que são abrangidos por uma exposição tida como semelhante.