1. Introdução
Os grandes objetivos da Saúde Ocupacional na sua aceção mais ampla, entendida como Segurança, Higiene e Saúde dos Trabalhadores nos Locais de Trabalho (SHSTLT) são, como referíamos no primeiro texto deste ano publicado na Revista “segurança”, a saúde e o bem-estar dos trabalhadores através da prevenção dos riscos profissionais, quer nos aspetos centrados no trabalhador, quer no ambiente de trabalho e, ainda, a promoção da saúde dos trabalhadores.
Tais objetivos pressupõem o concurso de diversas disciplinas (Figura 1) que, através do seu corpo específico de conhecimentos e das suas metodologias próprias de intervenção possam contribuir, de alguma forma, para que aqueles objetivos sejam atingíveis. Enquadram-se nesse âmbito, entre outras, a Psicologia do Trabalho, a Enfermagem do Trabalho, a Sociologia do Trabalho, a Segurança do Trabalho, a Higiene do Trabalho e a Ergonomia.
A atividade de trabalho, nas condições de trabalho concretas em que se desenvolve, tem, pois, uma elevada complexidade e exige (ou deveria exigir) o concurso de vários saberes e de diversas áreas de conhecimento que devem concorrer para aqueles objetivos de forma integrada.
A SHSTLT é, consequentemente, não apenas uma área multidisciplinar e multiprofissional, mas, essencialmente, transdisciplinar uma vez que a sua eficácia em matéria de intervenção depende também da capacidade de interação entre essas disciplinas, preferencialmente de forma sistémica, independentemente dos respetivos modelos organizacionais. Dito de outra forma, a prevenção dos riscos profissionais e a promoção da saúde de quem trabalha necessita não só do concurso daquelas áreas de conhecimento, mas ainda de uma adequada intervenção conjunta que tenha esses objetivos como primeiro (e preponderante) propósito.
Emoldurado nos objetivos enunciados pretende-se neste trabalho definir qual é o campo de ação da Medicina do Trabalho para, dessa forma, esclarecer o, muitas vezes, incompreendido papel da Medicina do Trabalho e dos médicos do trabalho.