ANTÓNIO DE SOUSA UVA (Médico do Trabalho, Imunoalergologista e Professor Catedrático de Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional)
O Trabalho, enquanto fator determinante do desenvolvimento humano, tem representado um papel de uma grande importância na história da humanidade, sendo a salubridade dos seus ambientes (de trabalho) um fator relevante em matéria de saúde e bem-estar das populações. De facto, trabalhadores saudáveis e seguros são, por certo, mais produtivos e, dessa forma, contribuintes para o desenvolvimento económico que o trabalho certamente proporciona.
A abordagem dos problemas do âmbito da Saúde Ocupacional (ou da Segurança, Higiene e Saúde dos Trabalhadores nos Locais de Trabalho, se se preferir essa designação) é necessariamente influenciada por inúmero factores. Realce-se que tais factores não são apenas externos e que, por isso, devem também ser tidos sempre em conta os factores de natureza individual, muitas vezes atribuídos a um inexistente “trabalhador médio”.
A análise do trabalho por sector de actividade económica nos últimos anos também revela uma profunda mudança. Por exemplo, no sector secundário, o processo de automatização iniciado nos anos de 1960 e as profundas mudanças organizacionais ocorridas nas empresas contribuíram para o reconhecimento crescente do papel dos factores profissionais de natureza psicossocial na saúde dos trabalhadores, até então pouco ou nada valorizados, por oposição à grande valorização atribuída aos factores de risco de natureza física e química que dominaram (e continuam a dominar) as preocupações dos diversos intervenientes na melhoria das condições de trabalho, na perspectiva da saúde e segurança. Adicionalmente, as tecnologias de informação e de comunicação aprofundaram muito essa mudança.
Em boa verdade, em Portugal, no período referenciado assistiu-se a uma profunda transformação dos equipamentos e dos métodos de trabalho que estiveram na origem do aparecimento de novas interdependências entre o trabalho e a saúde/doença, mantendo-se, todavia, muitos dos “velhos” problemas, já profusamente identificados, mas “resistentes” a intervenções eficazes de gestão desses mesmos riscos. A esse propósito refira-se a “visibilidade” das doenças musculoesqueléticas relacionadas (ou ligadas) ao trabalho muito associadas a novos (e mais sofisticados) métodos de trabalho, ainda que tais patologias sejam conhecidas há mais de três séculos e ainda a reincidência das campanhas europeias em tal domínio.
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