FLORENTINO SERRANHEIRA (Ergonomista e Professor de Saúde Ocupacional), ANTÓNIO SOUSA-UVA (Médico do Trabalho, Imunoalergologista e Professor de Saúde Ocupacional)
Abordar as lesões musculoesqueléticas na área da Saúde e Segurança do Trabalho – SST (ou da Saúde Ocupacional – SO, no seu sentido mais abrangente) significa
assumir a existência de uma ligação (ou de uma relação) entre os trabalhadores, com as suas características individuais, capacidades e limitações, e a situação real
de trabalho, isto é, com a forma como desempenham a sua atividade. Tal determinará a maior ou menor probabilidade (e possibilidade) de desenvolver lesão musculoesquelética ligada ao trabalho. Portanto, não se pretendem integrar no contexto da Saúde Ocupacional, designadamente, as doenças naturais do foro da Ortopedia ou da Reumatologia, sem qualquer relação etiológica com o trabalho.
Em SST, ou SO, a designação mais adequada para se abordarem as lesões, ou doenças, a nível musculoesquelético, que se relacionam, resultam ou são agravadas, total ou em parte, pela forma como os trabalhadores desempenham as suas atividades de trabalho é: Lesões Musculoesqueléticas Ligadas (ou Relacionadas) com o Trabalho, LMELT ou LMERT.
As LMERT são lesões que se integram no conceito lato das “doenças relacionadas com o trabalho”. Poderão também ser integradas no contexto das “lesões ligadas
ao trabalho” que incluem, para além das lesões relacionadas com o trabalho, as doenças profissionais, as doenças agravadas pelo trabalho e até as lesões decorrentes de acidentes de trabalho. Recorde-se que o termo “ligadas” vem do francês “liés” e no caso concreto, das “maladies liés au travail”, que integram, designadamente, “les troubles musculo-squelettiques liés au travail”. Entre nós o termo que abrange este grande grupo de lesões é: lesões musculoesqueléticas ligadas ao trabalho – LMELT.
É reconhecido que a utilização de conceitos adequados em SST é um tema relevante, mas com frequência ultimamente discutido por maus motivos, fundamentalmente devido a traduções literais e até, por vezes, incorretas da língua inglesa para o português feitas por diversos intervenientes.
A diferente proveniência desses diversos intervenientes da SST, com diversas origens académicas (Medicina, Enfermagem, Engenharia, Psicologia, Direito ou Ergonomia, entre muitos outros) tem conduzido à utilização de terminologia variada, por vezes com diferentes significados, da sua componente técnico-científica
e, por vezes, tem mesmo “adulterado” a terminologia existente há muitas dezenas de anos. Tal dificulta consideravelmente a comunicação em tal domínio científico.
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