Parece novidade, mas não é. Parece um jogo, mas não é. Parece fixe, mas não é. Parece que se encontra um significado nesse processo, mas nada. Pare que se pertence a qualquer coisa mas não. Parece que se pode vencer, mas é-se sempre perdedor.
A resposta é Cheque Mate: Prevenção, Tratamento e Promoção da Saúde Mental.
A maioria das pessoas ficou pasmada: circula por aí na internet um dito desafio intitulado “Baleia Azul” orientado para adolescentes e jovens. O último nível, ou seja o triunfo é o suicídio. Pelo meio estão uma série de outras incitações de níveis crescentes que partilham uma mixórdia de perversidades.
Há que estar ciente do perigo. Haverá já registado a nível mundial um significativo número de vítimas desta manipulação online e certamente muito haverá sofrimento ainda oculto – o cyberbullying – dado, segundo consta, haver coação duns tais “curadores”. Estas mentes criminosas que incitam ao suicídio ao explorarem as vítimas para persistência do “jogo” e para a escalada de níveis terão de ser identificadas e responsabilizadas. O suicídio não é crime mas a incitação e ajuda ao mesmo são-no, bem como a propaganda do mesmo.
Contudo, e entendo tal como fundamental, não se deve elevar este “Desafio Baleia Azul” à categoria de risco, e muito menos novo.
Não com estes contornos, mas desde sempre é conhecida a influência nefasta de certas personalidades maquiavélicas, psicopáticas, voyeuristas, megalómanas que conseguem organizar-se de modo a ter poder sobre a vida ou morte de indivíduos ou grupos fragilizados. São conhecidos suicídios coletivos induzidos por denominados gurus. Logo este fenómeno não é inédito.
A adolescência é uma etapa do ciclo de vida de profunda mudança, de inquietação, de procura duma identidade, de afirmação numa inconstância, de idealização, de testar os limites, de passagens ao ato…. É, naturalmente, acompanhada de algum grau de sofrimento existencial. Principalmente se não for adequadamente enquadrada por boas competências parentais, com modelos sociais, cultural e moralmente significativos, onde a contenção possa ser regulatória e expectável, que proporcione sentido de coerência, e sempre com o apoio emocional e funcional necessário para estas transições exigentes.