LUÍS DO NASCIMENTO LOPES (Vice-Presidente da FENEI/SINDEP)
Num mundo que parece ter enlouquecido, onde o ecoar dos tambores de guerra, a cacofonia das acusações mútuas nos grandes areópagos mundiais, a lenta agonia de um planeta cujo ambiente parece só poder ser salvo através da extinção de mais uma espécie, a humana, a nossa última esperança parece residir no triunfo do bom senso, cujo primeiro sinal deveria consistir na atribuição clara e bem ponderada de prioridades na abordagem dos problemas e na definição de medidas para os resolver e ultrapassar.
E não pensemos que ainda temos muito tempo Não temos e nem sequer sabemos se as nossas soluções ainda irão a tempo, pois há quem diga (e estou a falar de cientistas sérios e ponderados e não de “influencers”, “blogers”, analistas e outros parasitas que proliferam que nem cogumelos nas chamadas “redes sociais” e nos vão apanhando e formatando nas suas malhas) que já atingimos o ponto de “não retorno” e que agora apenas podemos adiar o fim.
Quero ser optimista e acreditar que ainda vamos a tempo. Tal como fomos rápidos a destruir, temos de ser ainda mais rápidos a construir, ou reconstruir E atendendo à cada vez maior escassez de recursos, tudo tem de começar pela atribuição das prioridades de que falei atrás.
Cingindo-me à nossa área, a SST, gostaria de referir dois exemplos recentes que me parecem revelar que estamos longe de trilhar o caminho correcto.
Todos temos seguido (que remédio!) as horas e horas de emissão televisiva non-stop sobre as buscas na Região Autónoma da Madeira Claro que não me pronunciarei sobre o processo em si, mas queria apenas destacar a conferência de imprensa do senhor Director Nacional da PJ na qual foi revelado que no âmbito das buscas tinham sido deslocados para a Madeira cerca de 150 inspectores e várias toneladas de equipamentos laboratoriais e de recolha de provas, tudo em aviões da Força Aérea Portuguesa.
Percebi a mensagem, tranquilizadora na medida em que revela que a Justiça tem meios e que existe cooperação entre as diversas instituições.
Mas… no dia seguinte, outra notícia, já não de primeira página nem de abertura de Telejornais, relatava, de forma telegráfica e desprovida de qualquer emoção, a morte de dois trabalhadores, vítimas de um acidente de trabalho nos estaleiros navais de Viana do Castelo Fiquei ainda a saber que o acidente seria comunicado ao Ministério Público e reportado à Autoridade para as Condições de Trabalho Ou seja, aparentemente nenhum inspetor de trabalho foi chamado ao local de imediato e a investigação do acidente, por parte da ACT, será feita com base num local e com provas muito provavelmente já contaminados.
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