ANTÓNIO DE SOUSA UVA (Médico e Professor)
Há muito que, como investigador e como professor, nos deparámos com uma “floresta” de termos (e outros aspectos, como conceitos e denominações) usados indiscriminadamente, com diversas designações e outros tantos significados que tornam, no essencial, a utilização do método científico ou qualquer preocupação de rigor em Saúde e Segurança do Trabalho um verdadeiro “calvário” e que até podem dificultar muito a própria comunicação na equipa que tem a seu cargo a prevenção dos riscos profissionais, a promoção da saúde e a manutenção da capacidade de trabalho. É, de resto, essa a razão da edição pela Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho, em 2004, de um Glossário de Saúde e Segurança do Trabalho (Sousa-Uva e Graça, 2004).
De facto, principalmente desde a primeira metade dos anos de 1990, foram férteis diversas disposições de amplificação dessa situação, “inundando” mesmo os dispositivos técnico-legais e normativos. Disso poderia ser um bom exemplo a eclosão do termo “perigo” profissional, aparentemente substituindo o termo “factor de risco”, o que não se reflecte em muitos diplomas onde o termo factor de risco continua a ser muito referido e, por isso, podendo tornar os textos, por vezes, algo confusos. Por exemplo, actualmente dá-se muito enfase aos factores de risco psicossociais não os tratando como perigos psicossociais.
Não se pretende, no entanto, reactivar essa reflexão, mas, amiudadamente, surgem novas designações ou novos significados de termos já vetustos na criação e divulgação de conhecimento em Medicina do Trabalho e em Saúde (e Segurança) Ocupacional(ais).
Por exemplo, recentemente entendi consultar as estatísticas de quem lê alguns textos publicados numa das redes sociais que uso profissionalmente, tendo constatado que, para além do número de leitores e das diversas manifestações, incluindo comentários, desses leitores, referem-se os dados relativos às suas profissões. Das “crónicas técnicas” que designei “migalhas” e que venho escrevendo há já alguns anos, e que são quase sempre disponibilizadas também num Blog sobre “Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional em migalhas” da nossa responsabilidade (“Perder a vida a ganhá-la, não faz sentido, pois não?”) procurei, em determinado tempo, saber a actividade profissional de quem as lê.
Constatei nessa consulta que, com grande avanço em relação a outros profissionais, quem as lê mais são os “Médicos de Saúde Ocupacional”, aparecendo em segundo lugar, com menos de um terço dos primeiros, os “Médicos” e depois, em bem menor número, Enfermeiros de Saúde Ocupacional e Enfermeiros.
Para ler o artigo completo, subscreva a assinatura da Revista “segurança”