ANTÓNIO GARCIA PEREIRA (Notícias Online)
O assédio (ou “assédio moral”) tornou-se no nosso país uma verdadeira praga social e, simultaneamente, uma “ferramenta de gestão” para diversas organizações. Ele ocorre no mundo das relações de trabalho de forma tão dramaticamente extensa quanto praticamente impune, estimando-se que, nas suas formas mais severas, atinja mais de meio milhão de trabalhadores.
Mas o assédio verifica-se também noutro tipo de estruturas e organizações, em que existem fortes laços de autoridade e de dependência, e muito em especial nas que são mais fechadas sobre si próprias (como as corporações militares, policiais e judiciárias, os colégios internos, designadamente de raiz militar, os seminários, as prisões e até os lares de internamento de pessoas idosas ou deficientes) e nas quais predomina uma fortíssima e mafiosa “omertà” ou “lei do silêncio”, na lógica do “tudo o que aqui dentro se passa, aqui dentro tem de ficar!”.
Estamos, pois, a falar de fenómenos e de relações assimétricas de Poder (em que há uma parte dominante e outra subordinada ou dependente), agravados pelo campear dos preconceitos e das teses do desprezo e ódio pelo outro, do individualismo extremo e da aceitação dos mais indignos meios para com eles se atingirem certos fins, como o sucesso a todo o custo, o máximo lucro ou a disciplina, aqui entendida e aplicada como sinónimo de servidão.
A vítima de assédio, qualquer que este seja, é, assim, e na grande maioria dos casos, alguém intencional e até “cientificamente” colocado em profunda solidão, apresentado como um leproso que há que isolar e afastar, e que sofre num terrível e amargurado silêncio.
Este é um problema social e político que só colectivamente pode ser enfrentado e resolvido de forma consequente. A mobilização dos cidadãos, em particular dos que vivem do seu trabalho ou se encontram numa situação de necessidade e precariedade, é absolutamente essencial para mudar este tipo de relações sociais e construir uma sociedade nova onde este género de abusos e prepotências não tenha lugar. Mas é também muito importante ajudar desde já as vítimas do assédio a travarem aquele que é sempre um duríssimo combate contra a indignidade e o arbítrio, contra a conspiração do silêncio e em defesa da dignidade da pessoa humana. E é por isso que aqui partilho com os meus leitores algumas reflexões, fruto de quase meio século de experiência, profissional e também pessoal, a lidar com este tipo de situações.
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