LUÍS DO NASCIMENTO LOPES (Vice-Presidente da FENEI/SINDEP)
E tudo está a voltar ao “normal”. Varremos a pandemia para baixo do tapete, ignorando olimpicamente os novos picos de infecção produzidos pelos festivais de Verão e eliminando quaisquer medidas de prevenção para o regresso às aulas, abrimos as discotecas para que alguns se possam divertir lá dentro e outros, demasiados, sejam esfaqueados, baleados ou simplesmente agredidos à porta, o país arde de Norte a Sul e, apesar de estar em seca severa, gasta os últimos recursos hídricos a apagar incêndios florestais no interior esquecido do país, a inflação sobe em “velocidade furiosa” enquanto o elevador social do trabalho desce ao mesmo ritmo, regressam os programas de TV onde os painéis são preenchidos por paineleiros ferozmente adeptos do seu clube e que ganham audiências à medida que os espectadores vão ganhando indiferença, quando não mesmo enfado, com as notícias de uma guerra que teima em continuar e a “incomodar-nos” economicamente e onde os paineleiros são generais, majores-generais, tenentes-generais, sargentos-generais, cabos-generais, em suma, generalistas e onde cada vez mais é ignorado o facto de se tratar de uma guerra de agressão, onde há um agressor e um agredido, um invasor e um invadido, porque isto dos valores só funciona até nos doer no único órgão que suplanta a alma: a carteira.
Pois é, o futebol, esse grande agregador social (?) já voltou e ofusca tudo o resto. E este ano vem em grande, com um mundial no Qatar, fora de época e de qualquer lógica que não seja a do dinheiro. E como estamos no futebol, chutamos para canto as notícias “irritantes”, como agora se diz, que vão chegando desse oásis de “valores” que dá pelo nome de Qatar. Segundo algumas ONGs, desde o começo das obras de construção dos novos estádios terão morrido cerca de 6.500 trabalhadores, quase todos imigrantes da Índia, Sri Lanka, Paquistão, Bangla Desh e Nepal. A própria OIT afirma que, só em 2020 teria havido 50 acidentes de trabalho mortais e ainda mais de 500 vítimas em estado muito grave (das quais muitas teriam acabado por falecer) e mais de 37.600 teriam sofrido acidentes graves, mas não mortais.
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