António Sousa-Uva, Médico do Trabalho, Imunoalergologista e Professor Universitário
A actuação da Medicina do Trabalho e também da Segurança, Higiene e Saúde dos Trabalhadores nos Locais de Trabalho (SHSTLT), também denominada Saúde Ocupacional, que inclui a Medicina do Trabalho e muitas outras disciplinas (entre outras, a Psicologia do Trabalho, a Enfermagem do Trabalho, a Sociologia
do Trabalho, a Segurança do Trabalho, a Higiene do Trabalho e a Ergonomia) centra-se, concretamente, na atividade de trabalho e nas suas condicionantes.
A atividade de trabalho, nas condições de trabalho em que se desenvolve, tem sempre uma elevada complexidade e exige (ou, pelo menos, deveria exigir) o concurso de vários saberes e de não menos áreas de conhecimento.
Essa interação, entre os múltiplos elementos que constituem as situações de trabalho e a atividade do trabalhador, é, também, influenciada pelas características individuais dos trabalhadores e justifica a necessidade do concurso de várias (e diversas) áreas científicas e/ou disciplinares. E mesmo assim, quase
sempre apenas ligadas às abordagens dos aspetos “negativos” que o trabalho pode comportar para a saúde de quem trabalha.
Se interviermos nos aspetos “positivos” que o trabalho pode (e deve) ter na saúde, será necessário acrescentar outras tantas áreas às já enunciadas e, talvez, ainda essas interações sejam de uma maior complexidade.
Aqueles aspetos negativos estão muito para além da ocorrência dos acidentes de trabalho, que há muito coloniza a atenção de todos em matéria de Saúde, Higiene e Segurança dos Trabalhadores nos Locais de Trabalho (SHSTLT), abrangendo um importante leque de situações que, para além das doenças profissionais e das doenças relacionadas (e agravadas) pelo trabalho, abrangem ainda inúmeros aspetos relativos a relações ainda mal conhecidas como é o caso da exposição a novas substâncias químicas ou as potenciais repercussões na saúde de novos métodos de trabalho, como é são os exemplos da “uberização” ou do teletrabalho (tão actuais) e ainda a aspetos incompletamente compreendidos como as algias (por exemplo as cefaleias, as raquialgias ou as lombalgias), a fadiga ou a carga de trabalho.
De facto, relações trabalho/lesão são mais fáceis de compreender relativamente a relações de maior complexidade que se expressam, muitas vezes, alguns anos após a exposição e que se confundem com doenças naturais. Talvez seja essa uma das razões para a pouca (ou quase nenhuma) valorização das doenças profissionais.
Para ler o artigo completo, subscreva a assinatura da Revista “segurança”