Introdução
O Assédio Moral no Trabalho não é um fenómeno novo, mas tem vindo a ganhar a atenção da opinião pública, dos investigadores e das instituições nos últimos anos. O primeiro investigador que o definiu de uma forma científica foi o psicólogo sueco Heinz Leymann nos anos oitenta. Trata-se de uma espécie de terrorismo psicológico, que acontece no mundo do trabalho e que implica um comportamento hostil e antiético realizado sistematicamente – não ocasionalmente – por uma ou mais pessoas contra um indivíduo, que fica num estado de desamparo ao ser vítima de vários atos opressivos e persecutórios. Estes atos devem acontecer com uma frequência bem definida (pelo menos uma vez por semana) e durante um longo período de tempo (pelo menos seis meses). Este tipo de maltrato provoca sofrimento psicossomático, mental e social devido à sua forma continuada e persistente. Davenport, Schwartz e Elliot (1999) definiram o assédio moral no trabalho como uma tentativa maliciosa de forçar uma pessoa a abandonar o seu local de trabalho através de acusações injustificadas, humilhação, assédio em geral, abuso emocional ou terror, promovido em grupo, liderado pela empresa, por superior hierárquico, colega de trabalho ou subordinado que reagrupa os outros em comportamentos sistemáticos de pressão. O resultado é sempre um dano – o sofrimento ou doença física ou mental e um mal-estar social que conduz na maioria das vezes à expulsão da vítima do local de trabalho. Na realidade o assédio moral afeta a vida das vítimas no seu relacionamento social, na sua condição económica (porque frequentemente perdem o emprego) e na sua saúde física e mental (Sancini et al., 2013). Leymann (1996) atribuiu a origem destes comportamentos a conflitos no local de trabalho. Muitos investigadores desde então têm-se ocupado do assunto e tentado explica-lo de diversas formas.
Sancini et al. (2013) agrupam os fatores envolvidos na génese do assédio moral em três grandes grupos: Fatores relativos ao indivíduo envolvido enquanto vítima, fatores relacionados com as relações interpessoais no local de trabalho e fatores relativos às empresas e às condições de trabalho. Os fatores psicológicos da pessoa envolvida enquanto vítimas têm sido referidos. No entanto não é fácil compreender se esses fatores são prévios ou resultam dos efeitos da própria violência sofrida no processo. As vítimas do assédio têm sido descritas como ansiosas, inseguras e com baixa autoestima (Einarsen & Matthiesen, 1994 como citado em Sancini et al., 2013) e consideradas hipersensíveis, cautelosas, doceis e incapazes de responderem a provocações (Gandolfo, 1995 como citado em Sancini et al., 2013).