1. PREVENÇÃO NO TÚNEL DO MARÃO
1.1 Enquadramento da empreitada
O Túnel do Marão (TDM) situa-se no Norte de Portugal e permitirá o atravessamento subterrâneo da Serra do Marão, entre Ansiães-Amarante e Campeã-Vila Real. O Túnel é constituído por duas galerias paralelas de 5667 m de comprimento com 13 interligações, pedonais e para veículos. O Dono da Obra, “IP – Infraestruturas de Portugal, S.A.”, adjudicou a empreitada, em regime de Conceção/Construção, ao Consórcio Teixeira Duarte – Engenharia e Construções, S.A. e EPOS – Empresa Portuguesa de Obras Subterrâneas, S.A. pelo valor de 88 099 873,47€. O Consórcio efetuou a divisão das atividades a executar, sendo que a EPOS – Empresa Portuguesa de Obras Subterrâneas, S.A. ficou responsável pela escavação e revestimento definitivo e a Teixeira Duarte – Engenharia e Construções, S.A. pela instalação dos sistemas e equipamentos de segurança ativa e não ativa, drenagens, pavimentação e edifícios técnicos.
1.2 Enquadramento temporal
Os trabalhos de escavação subterrânea da 1ª fase tiveram início em julho de 2009, tendo sido suspensos em julho de 2011, ficando 3961m por escavar. Desde essa data até ao reinício da obra, realizaram-se exclusivamente trabalhos de manutenção da obra já executada e monitorização da instrumentação instalada. Em 2014, para a preparação de propostas de construção para 2ª fase da obra (uma vez que este interregno poderia ter levado ao aparecimento de pontos fracos no revestimento primário, aumentando o risco de queda de blocos para zonas de circulação de trabalhadores e equipamentos), foi realizada uma inspeção ao estado dos túneis. Nesta inspeção, verificou-se que o maciço se encontrava globalmente estabilizado, não tendo sido identificada qualquer situação alarmante. A maior parte das patologias verificadas consistiram em desplacamentos e fissuração no betão projetado e queda, pontual, de pequenos blocos. Em outubro de 2014, teve início a segunda fase de escavação subterrânea e os trabalhos de revestimento definitivo (impermeabilização, drenagem, montagem de armaduras e betonagem de revestimento final).
2. PREVENÇÃO EM FASE DE PROJETO
2.1.1 Reforço de zonas já executadas
Na fase de inspeção constatou-se que o maciço rochoso apresentava como principais patologias desplacamentos e fissuração do suporte primário de betão. Assim, de modo a minimizar os riscos de evolução da degradação do suporte primário, iniciou-se os trabalhos com o reforço das áreas escavadas na primeira fase.
Para tal muito contribuiu o recurso ao “Varrimento Laser”, que o Dono de Obra requisitou a uma empresa da especialidade. Na prática tratou-se de fazer um “Laser Scanning (LIDAR)”, munidos de equipamentos e tecnologias de ponta que é a forma mais precisa, rápida e eficaz de obter coordenadas e cotas do interior do túnel num referencial 3D. Na sequência do levantamento efetuado, foram previstas medidas de instrumentação, saneamento de zonas instáveis e delimitação de zonas de risco, para diminuir os riscos associados à presença de trabalhadores e equipamentos.
2.1.2 Escavação e suporte primário
O método utilizado foi o Método de Escavação Convencional (MEC), vulgo “New Austrian Tunnelling Method” (NATM). Segundo Rabcewicz, um dos pais do NATM, “consiste na aplicação de uma fina camada de betão projetado no suporte da escavação, o mais rapidamente possível, de forma a criar um arco auxiliar, sendo a deformação do terreno uma função do tempo até se atingir o equilíbrio”.
O método envolve as seguintes fases, que a Figura 1 ilustra:
1 – Avaliação geológica/geotécnica e marcação topográfica da frente de escavação;
2, 3 e 4 – Escavação mecânica sequencial do maciço, através de meios mecânicos ou emprego de explosivos;
5 – Ventilação de galeria, de modo a expulsar o ar contaminado da atmosfera após a escavação (especialmente quando há recurso a explosivos) e garantir a renovação do ar, de forma a cumprir com os valores limite de exposição descritos na legislação em vigor;
6 – Limpeza, remoção e transporte de produtos de escavação para vazadouro, retirando o produto resultante da escavação e criando condições na frente de escavação para a realização de saneamento do terreno e posterior aplicação de suporte primário;
7 – Saneamento mecânico da escavação, provocando a queda controlada de blocos ou fragmentos de maciço em posição instável e garantindo que o maciço reúne condições de integridade para aplicação da primeira camada de betão projetado;
8 – Aplicação da primeira camada de betão projetado e elementos metálicos de estabilização: betão projetado, com possível adição de fibras, cambotas metálicas, pregagens e enfilagens, para melhorar a resistência e estabilidade do maciço rochoso.