O Progresso dos Transportes Rodoviários
A história comprova a necessidade que desde sempre o Homem sentiu em se deslocar no espaço geográfico, na ânsia da descoberta de novos lugares, novos povos e melhores condições para viver.
Durante muitos séculos, nessas deslocações, os meios de transporte tradicionais utilizavam como energia a força humana e a tração dos animais.
Na sua constante mutação, o Homem evoluiu e, com as exigências da sociedade surgiu a necessidade de percorrer distâncias mais longas de forma mais rápida e rentável (maiores cargas v menores custos).
Com a chegada da «Revolução Industrial», aparecem as primeiras máquinas com motores a vapor. Alguns especialistas evidenciam-se com os seus inventos, destacando-se Rudolf Diesel e os seus motores de explosão e, Henry Ford que, com a criação do “Modelo T”, fundou definitivamente a «Era» do automóvel.
Em Portugal, o primeiro automóvel surgiu em 1895, de marca Panhard & Levassor, importado de Paris. Na sua viagem inaugural entre Lisboa e Santiago do Cacém, provocou o primeiro acidente ocorrido no nosso país, dando início às estatísticas assustadoras e preocupantes que ao longo dos anos têm apresentado consequências devastadoras.
Atualmente, através de uma rede de estradas bastante desenvolvida, os transportes rodoviários chegam aos mais recônditos lugares, sendo um elemento fundamental e permanente no desenvolvimento das sociedades.
O «Transporte», em termos gerais, indica uma atividade que tem o objeto de transportar algo através do espaço geográfico.
Devido à grande flexibilidade e mobilidade por via rodoviária, passou a existir um maior distanciamento entre as áreas de residência e os locais de trabalho, levando à expansão das cidades e ao desenvolvimento das regiões. O aumento da mobilidade originou um incremento do comércio e das atividades produtivas, tanto a nível regional, como internacional, diminuindo as assimetrias regionais e melhorando a qualidade de vida e o bem-estar das populações. Ajudou também à expansão de novas formas de organização do espaço, como por exemplo, o crescimento dos subúrbios nas grandes cidades, a redistribuição espacial da população, a eclosão e intensificação de movimentos migratórios, assim como a massificação de fenómenos sociais, culturais e económicos, como é o turismo.
O transporte rodoviário em Portugal tem registado um cenário de desenvolvimento inverso ao ferroviário, pois considerando apenas as Autoestradas, Estradas Nacionais, Estradas Regionais, Itinerários Principais e Complementares, verificou-se um crescimento desta infraestrutura na ordem dos 81% desde 1985 (9 881 km) a 2015 (17 874 km). Sendo que em 1990 a sua extensão rondava os 9 961 km e, no início deste século, o valor já atingia os 12 010 km (Abreu, 2006) (1).
Associado às questões do desenvolvimento dos transportes, da mobilidade e dos seus reflexos na transformação da organização do território, surgiu o conceito de acessibilidade, muito bem documentado por Giuliano, (1998: 116) (2) como “the ease of movement between places”, pelo que “as movement becomes less costly – in terms of either money or time – between any two places, accessibility increases”.
A acessibilidade está intrinsecamente associada ao sistema de transportes e à sua eficiência, sendo uma referência base nas interações de cariz económico e social, bem como aos fluxos de pessoas e mercadorias que se lhe encontram subjacentes.