Resumo
O presente trabalho cruza o papel da Inovação no setor da higiene, segurança e saúde no trabalho em Portugal com um caso prático de criação de um equipamento de prevenção de riscos. O protótipo, insere-se no que genericamente se define como área das tecnologias facilitadoras essenciais.
O estudo partiu da formulação de hipótese de que determinado equipamento de trabalho na área administrativa não correspondia quer em termos de eficiência organizacional quer em termos de a segurança, saúde e conforto para o trabalhador.
Este artigo, desenha o caminho percorrido desde a fase inicial de criação ao pedido provisório de patente. Apresenta ainda os resultados em todas as fases do processo, na expectativa de alavancar novos projetos inovadores na área de segurança e higiene no trabalho.
Palavras-chave
Inovação; SHT; Portugal; LME; Prevenção.
Organização do Conteúdo
Introdução
A inovação é um conceito muito variável que depende da área da aplicação, podendo-se aplicar aos mercados, modelos de negócio, produtos e/ou processos e métodos organizacionais. Peter Drucker, referência indiscutível da administração moderna, menciona numa das suas obras que a inovação “é o instrumento específico dos empreendedores, o processo pelo qual exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente”. Neste sentido, a conceção de postos, métodos de trabalho e equipamentos tecnológicos encontram-se cada vez mais saturados e a procura, consequentemente, acaba por incidir em produtos que apresentem diferenciais inovadores, Neves (2011).
No meio laboral e mais especificamente na área administrativa as lesões músculo-esqueléticas (LME) são a patologia mais frequente no meio laboral. A sua diminuição figura como onerosa para as entidades, pois necessitam de investigações meticulosas antes do desenvolvimento e lançamento de novos produtos no mercado. De acordo, com a Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho “As Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT) são o problema de saúde ocupacional mais comum na Europa. Na UE-27, um quarto dos trabalhadores queixa-se de lombalgias e quase um quarto diz sofrer de lesões musculares”. Estas lesões configuram-se como motivo de grande preocupação que afetam a saúde dos trabalhadores a nível individual e aumentam os custos empresariais e sociais das empresas e dos países europeus.
É do conhecimento geral que a falta de descanso, o esforço excessivo e as posições repetitivas com longos períodos de trabalho vão acumulando danos no corpo. As consequências do uso excessivo de ferramentas como o computador não são imediatas mas sim de médio ou a longo prazo. Estas, aumentam com a utilização diária e/ou pelo excessivo número de horas contínuas de trabalho. É de salientar que ao longo do tempo não tem sido valorizada a avaliação individual do trabalhador no que se refere aos riscos a que está exposto ou do que deles advém.
Sendo já aceite pela maioria dos vários intervenientes no mercado que a inovação está presente naquilo que são considerados os gadgets é fundamental que o mesmo seja efetuado nos equipamentos de trabalho na área administrativa. É também imprescindível que no processo de desenvolvimento, seja integrado o vetor higiene e segurança e saúde na área laboral. O crescimento em simultâneo destas vertentes proporcionará não só novos produtos, mas produtos mais eficientes e mais seguros.
Objetivo Geral
Destacar o eventual papel da Inovação no setor da Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho em Portugal.
Objetivos Específicos
Tendo como base o objetivo geral, desenvolveram-se os seguintes objetivos específicos:
Valorizar a autonomia dos trabalhadores na prevenção;
Interligar a investigação em Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho com a área de propriedade industrial;
Avaliar a possibilidade de integração de uma nova função em equipamento já existente.
Metodologia
Após aprofundada revisão bibliográfica desenvolveu-se um plano de ações assente nas seguintes fases da Fig. 1.
Destaca-se o largo período de tempo dedicado pelo grupo, na descoberta de ideias, tendo base o incentivo à total libertação da actividade mental, sem qualquer restrição, tendo sempre presente que “a melhor forma de ter uma boa ideia é ter muitas ideias” (Pauling, 1960).
Foram ainda desenvolvidos, vários passos de consolidação e/ou tentativa de criação de pontes entre a investigação e o mercado, nomeadamente:
Contacto com Centro de Investigação Economia e Gestão (CIEG), da ULHT;
Pesquisa de mercado;
Visitas a lojas de informática e novas tecnologias;
Visita a fabricante;
Desenvolvimento do projeto;
Escolha dos materiais do protótipo.