MARIA ANTÓNIA FRASQUILHO, Médica psiquiatra, Sub especialista em psiquiatria forense. Competente em avaliação do dano corporal Pós-graduada em Medicina do Trabalho, Diretora clínica de Alterstatus. Saúde, Educação e Desenvolvimento pessoal
(continuação do número anterior)
Brownout é mais uma palavra da moda para retratar a exaustão profissional derivada da perda do sentido no trabalho. A pessoa está já em sofrimento mental, de moderado a acentuado, poderá estar mais letárgica, menos criativa, na vida pessoal e familiar estar pouco disponível, contudo continua eficaz na função, suficientemente produtiva, aparentemente adequada e saudável. É tipo o dito “The show must goon” custe o que custar. Esta situação negativa pode prolongar-se por anos e nunca ser detetada, ao contrário do burnout, em que o blakout- colapso – é evidente.
Em meu entender este tipo divisório de nomenclatura não acrescenta nada ao velho problema do burnout, direi mesmo que lhe rouba rigor. Limita-se a colocar o enfase numa ou noutra fase do processo consequente de burnout que os especialistas bem conhecem, metaforicamente dizendo, “da paixão até ao caixão”. Poderá, quando muito chamar a atenção para um grupo de determinantes de burnout: os mais pessoais, intrapsíquicos ou biológicos, que se inserem no fogo amoroso doentio que compactua com incendiar-se em tarefas e responsabilidades brutais, aos de ordem laboral (sobrecargas, subcargas e similares, até ao sócio relacionais e culturais que traduzem negligência e mesmo uma forma de assédio moral).
Entendo que o principal é fazer um bom diagnóstico da situação. O diagnóstico específico de burnout, repito, é clínico, assenta na tríade já mencionada, no contexto, nos antecedentes, na estrutura psíquica, e na evolução. Mas há também um diagnóstico de trabalho de natureza psicossocial especialmente relativo ao risco e à proteção. Envolve detetar perigos inerentes ao realizar do trabalho e quais os ativos em maior perigo, compreender as situações naturalmente complexas, e para isso é preciso ir além de rastreios. É preciso consultar documentos: registos de absentismo, de rotatividade nos postos, de queixas, falar com as pessoas nos locais onde laboram, tentar perceber o que é relatado, e também o que é segredado. Escutá-las em momentos diferentes, para ter ideia se os fatos são ocasionais ou repetidos e que evoluções configuram. Envolver recursos humanos, profissionais da saúde e segurança no trabalho e médicos do trabalho, atender ao que estes elementos transmitem neste ou naquele departamento. Estar atento a acidentes e incidentes, níveis de produtividade.
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