ANTÓNIO SOUSA-UVA (Médico do trabalho, Imunoalergologista e Professor Catedrático)
(continuação do número anterior)
3. O binómio trabalhador(a)/trabalho
O centro de intervenção da Medicina do Trabalho e da Segurança, Higiene e Saúde dos Trabalhadores nos Locais de Trabalho (SHSTLT), incluindo, para além da Segurança do Trabalho e da Higiene do Trabalho, a Medicina do Trabalho, a Psicologia do Trabalho, a Enfermagem do Trabalho ou a Sociologia do Trabalho e a Ergonomia, entre outras, está na atividade de trabalho e nas suas condicionantes. Essa interação entre os múltiplos elementos que constituem as situações de trabalho e a atividade do trabalhador é, quase sempre, complexa e daí a justificação da necessidade do concurso de tantas (e tão diversas) áreas científicas e/ou disciplinares para a gestão desses riscos. E mesmo assim, essencialmente ligadas às abordagens dos aspetos “negativos” que o trabalho pode comportar para a saúde de quem trabalha, já que nos aspetos “positivos” poderíamos acrescentar outras tantas áreas.
Aqueles aspetos negativos estão ainda muito para além da ocorrência dos acidentes de trabalho, abrangendo um importante leque de situações que, para além das doenças profissionais e das doenças relacionadas (e agravadas) pelo trabalho, abrangem ainda inúmeros aspetos relativos a ligações incompletamente conhecidas (por exemplo a exposição a novas substâncias químicas ou as potenciais repercussões na saúde de novos métodos de trabalho de que o teletrabalho é apenas mais um exemplo) e, ainda, aspetos incompletamente definidos como as algias (por exemplo as cefaleias, as raquialgias ou as lombalgias), ou a fadiga ou a carga de trabalho (“workload”).
A abordagem mais prevalente é, todavia, uma abordagem centrada nos “fatores de risco de natureza profissional” (ou “perigos”) que catalisa, de facto, a nossa atenção. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2014), em cada 15 segundos um trabalhador morre por acidente de trabalho ou “doença ligada ao trabalho” e 160 são vítimas sem desfecho mortal. Tal representa uma estimativa de um total de cerca de 6.300 pessoas mortas por dia ou 2,3 milhões por ano. A OIT estima que tal represente, para além dos custos intangíveis, cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB).
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