MARIA ANTÓNIA FRASQUILHO (Médica psiquiatra, Sub especialista em psiquiatria forense, Competente em avaliação do dano corporal, Pós-graduada em Medicina do Trabalho, Diretora clínica de Alterstatus, Saúde, Educação e Desenvolvimento pessoal)
É assim mesmo, não é uma doença aguda, que se resolve com varinha de condão, seja remédio seja outro artificio.
Admirados? Ora pensem comigo nestas linhas que vos deixo como prelúdio do que vão receber, inspecionar e compreender no livro que acabei de publicar: BURNOUT. Guia completo de prevenção e tratamento.
É certo que burnout está mais que reconhecido como um risco psicossocial, mas não foi reconhecido como doença. Este fato é importante. Na classificação das doenças e problemas relacionados com a saúde feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na última revisão da CID-11 a síndrome foi incluída no capítulo de problemas associados ao emprego ou ao desemprego, recebendo o código “QD85”. Não sendo doença não poderá ser curável. Isto é, definitivamente e após um tratamento específico nunca mais ofender o organismo.
O mais pertinente é admitirem que nem sempre o burnout é aquilo que as pessoas julgam ser. Verifico isto repetidamente nas consultas. Uns estão cansados e dizem-se em burnout. Outros desiludiram-se com o trabalho, ou estão no meio de um conflito e também se manifestam em burnout. E há os “flocos de neve”, pessoas frágeis para quem tudo é um problema. E ainda há o caso de outros que relatam problemas de burnout da reforma, burnout da maternidade, burnout informático, burnout relacional, etc. Tudo isso é incorreto.
Vale a pena sumarizar o conceito e assim dar-lhe o valor e importância que merece. Burnout só tem a ver apenas com trabalho. É uma síndrome, ou seja, um conjunto de queixas (sintomas) e de sinais observáveis, através do olhar clínico e expressos em comportamentos que traduz um processo desajustado de interação do trabalhador com o trabalho com níveis de sofrimento crescentes. No trabalho é inevitável que haja stress. Nem todo é mau. Stress só é patogénico quando as exigências laborais ultrapassam a nossa capacidade de as gerir. Nesse caso falamos em distress, que é o lado negativo do stress. Há situações em que precisamos de aumentar e qualificar as tais imprescindíveis capacidades de lidar com as demandas do trabalho, mas em outros casos por muito robusto e capaz que seja a vítima do distress, o ambiente externo é tão castigador e doentio que não haveria sequer possibilidade de o manejar com sucesso.
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