ANA RODRIGUES (Departamento de Saúde Higiene e Segurança C. M. Lisboa), JESUS SECO (Universidade de León, Espanha), CRISTINA PINHO (Departamento de Saúde Higiene e Segurança, C. M. Lisboa), RITA COSTA (Departamento de Saúde Higiene e Segurança, C. M. Lisboa)
1. INTRODUÇÃO
No limiar entre vida e morte estão os coveiros que lidam quotidianamente com esse fenómeno. É uma atividade vulnerável, com pouco prestígio e visibilidade social, com elementos que trazem referências negativas para a posição moral do trabalhador. Estes, por sua vez, são estigmatizados e mal remunerados, devido à sua ocupação que consequentemente, influência a imagem de si próprio. O seu ambiente de trabalho é o cemitério, as principais atividades restringem-se ao contato com cadáveres e até com os restos mortais, tendo em vista estas questões, estes trabalhadores não estão alheios aos riscos e a exposição de sua saúde. A invisibilidade social está ligada por vezes, ao status social, reconhecimento e salário adequado (Iraha, I. S. et al., 2017).
A capacidade do Trabalho e o Envelhecimento: Uma das Dimensões Psicossociais do Trabalho Sujo diz respeito à baixa desejabilidade social ou representação social depreciativa (Bolton, S. C. et al., 2007) da atividade em questão, seja por razões de riscos à saúde inerentes à atividade em questão, como no caso dos coveiros (Bendassolli, P. F. et al., 2013).
A invisibilidade social, o estigma e o preconceito atribuídos à profissão de coveiro surgem do modo com a sociedade vê a morte (Bacci, C. M. H. et al., 2016) e pelo facto da categoria profissional estar associada às ocupações consideradas indignas e humilhantes, do mesmo modo que os profissionais que a executam são rotulados como sujos (Monteiro, D. F. B. et al., 2017).
Estas condições de trabalho originam uma saúde mental frágil, dificuldades de concentração, comportamentos de risco (ex. abuso de álcool e outras drogas) por parte do trabalhador e quando prolongadas no tempo, levam a uma maior probabilidade de este vir a sofrer de graves problemas de saúde mental e física, o que por sua vez aumenta a taxa de acidentes de trabalho, de absentismo, baixa produtividade e um fraco desempenho de um modo geral, bem como uma imagem negativa da Instituição. Grande parte das pessoas justifica este problema à pressão psicológica que estes profissionais estão sujeitos (Jacques, M. H. G. et al., 2012).
Este artigo tem como objetivo analisar as características sociodemográficas de 168 coveiros distribuídos por 7 cemitérios da cidade de Lisboa, avaliar o impacto do trabalho na qualidade de vida deste grupo profissional e dar importância a esta categoria profissional.
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