LUÍS DO NASCIMENTO LOPES (Vice-Presidente da FENEI/SINDEP)
Algo de impensável há apenas alguns meses, quando aparente e racionalmente um governo de maioria absoluta reunia todas as condições para cumprir integralmente a legislatura, a verdade é que, por razões que não é este o espaço (e se calhar ainda não o tempo) o senhor Presidente da República decidiu, no
uso dos seus poderes, anunciar que irá dissolver a Assembleia da República e demitir o Governo daqui a uns tempos, mais concretamente após a aprovação do Orçamento de Estado que, é bom lembrar para dar ainda um pouco mais de “sumo” a esta situação política bizarra que faria as delícias do Eça de Queirós (entretanto em bolandas entre o jazigo de família e o Panteão), Orçamento de Estado que, dizia eu, vai ser aprovado por esta ainda maioria absoluta para ser executado por outra, absoluta ou coligada.
Não vou enveredar por comentar esta revista política à portuguesa, até porque não me compete armar-me em comentador político, nem por certo teria lugar em qualquer espaço mediático, tal a profusão de politólogos, professores universitários, majores-generais, ex-ministros, futuros ex-ministros, candidatos a ministros e outros refugiados de opinião em geral que por lá polulam.
Apenas lamento o prejuízo acrescido que esta crise vem trazer para a nossa área profissional, a da Segurança e Saúde no Trabalho.
Não que este Governo deixe saudades para a área já que fez o mesmo que os que o antecederam, ou seja, nada ou quase nada. Mas sim pela previsão que os meios de comunicação que já antes, em plena silly season política, nunca abriram espaço, nem se preocuparam em noticiar a realidade da sinistralidade laboral, em denunciar o número absurdo de trabalhadores que sofrem acidentes, que morrem a ganhar a vida, triste paradoxo, que contraem doenças profissionais que não chegam sequer a ser reconhecidas como tal mas que os incapacitam fisicamente de trabalhar e os amputam economicamente, a eles e às suas famílias, esses meios de comunicação ainda terão menos abertura para cobrir outra coisa que não seja pseudo-política, com batalhões de jornaleiros à porta de casa dos ex e dos putativos e dos futuros e dos ministros dos prováveis governos-sombra e dos que fazem sombra aos governos.
E claro, do futebol, nos seus VARiados aspectos.
E nós, que andamos nisto há uns anos valentes, sabemos que vai ser assim e que nada poderemos fazer para emperrar esta engrenagem.
Não poderemos?
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