LUIS NASCIMENTO LOPES (Vice-Presidente da FENEI/SINDEP)
No passado já por várias vezes aqui me insurgi contra o facto de a nossa comunicação social se ter rendido a desempenhar um papel eminentemente mitigador, senão mesmo totalmente ausente, quanto às condições em que se trabalha em Portugal e os vergonhosos níveis de sinistralidade laboral que teimam em subsistir no nosso país.
É muito fácil atribuir as culpas dessa situação aos próprios trabalhadores, como se fossem todos potenciais suicidas, ou se fosse sua a culpa da deficiente (ou inexistente) formação em prevenção de riscos e em segurança comportamental.
É igualmente muito fácil atribuir as culpas dessa situação aos profissionais da área, aos técnicos de SHT, como se a maioria deles não visse a sua autonomia técnica e a sua opinião de especialista muitíssimo limitada, como se as suas orientações não se vissem muitas vezes transformadas em simples opiniões ou sugestões por parte de chefias hipnotizadas por “objectivos”, viciadas em “prazos”, numa sociedade de “contas certas” em que a vida e a saúde dos trabalhadores está sempre à direita da virgula da conta, por mais certa que essa aparente ser.
E enquanto atiramos as culpas para estes pré-anunciados culpados, vamos candidamente omitindo que a responsabilidade é de toda a sociedade e da forma como esta aborda, no seu quotidiano, a problemática da SST.
A nossa sociedade não tem, nem aparentemente quer ter, informação, conhecimento, do que se passa a este nível. É como se aceitasse como fatalismo, como fado nacional, que o trabalho tenha sempre de andar de mão dada com a doença e a morte.
Até porque, aparentemente, nada de grave se passa.
Tirando os profissionais da área e mais alguns “carolas” cheios de mau-feitio, quem quiser informar-se sobre o que se passa na nossa sociedade sobre esta temática vai rapidamente pensar que vivemos no paraíso. Doenças profissionais não existem e acidentes de trabalho são raríssimos e só acontecem os muito graves que mereçam uma primeira página ocasional naqueles pasquins que todos sabemos quais são e que vivem do sangue do momento.
Sim, porque quem quer manter-se informado sobre a sociedade, o seu retrato e o seu pulsar, fá-lo normalmente através da comunicação social.
E perante tudo isto qual é a prática dessa comunicação social?
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