Autor: Luís do Nascimento Lopes (Vice-Presidente da FENEI/SINDEP)
O ano que findou deixou-nos escassas boas memórias. Foi mais um ano de oportunidades perdidas, mais um ano em que, enquanto sociedade, continuámos a assobiar para o ar e a ignorar olimpicamente a realidade dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais e do peso que ambas representam, em termos económicos, para as organizações e para os contribuintes em geral. Um penalti por marcar ou indevidamente assinalado causa mais discussão, revolta e reacções, que mais um trabalhador esmagado debaixo de um tractor, ou mais uma vítima de queda de um andaime. E enquanto para os erros de arbitragem se disponibilizam sistemas de vigilância e prevenção do erro humano no valor de milhões de euros, para o erro humano no trabalho parece por vezes não haver sequer dinheiro para uma simples “linha de vida”, ou um capacete.
Enfim, a esse nível 2018 não nos trouxe nada de novo. Não se vislumbra a introdução de nenhum VAR nos locais de trabalho nacionais. Até porque não seria preciso. Bastava que, enquanto sociedade, recusássemos o carácter de inevitabilidade de que revestimos pudicamente a sinistralidade laboral, que deixássemos de tratar os nossos semelhantes com a indiferença desumana a que se refere o dramaturgo Bernard Shaw na citação com que iniciei este artigo.
Para continuar a ler, faça já a sua assinatura.