Autor: Paulo Macedo (Professor Universitário)
Voltamos, hoje, a repetir o que já em artigos anteriores argumentamos: a segurança nacional portuguesa necessita de uma análise holística, sistémica, imparcial e objectiva, com vista a definir uma estratégia que permita atingir níveis reais de eficácia anulando as redundâncias ineficientes e as burocracias que actualmente impedem a prossecução de tais objectivos.
Mas não chega efectuar a análise, é necessária coragem política para se tomarem as decisões provenientes de tal análise; a manutenção do actual estado (se se continuam a não tomar decisões perante factos recorrentes não se podem esperar resultados diferentes) não parece sustentável como, entre outros factos, as demissões do Comandante Operacional Nacional da Protecção Civil, em 7 de Maio, e do Director do Centro Nacional de Cibersegurança, a 9 de Maio, indicam. Graaff & Nyce (2018, p. xxxiv) consideram que o desenho/estrutura de um serviço de inteligência nacional reflecte, em grande medida, as experiências nacionais, a cultura e as perspectivas de um país; com a devida vénia aos autores, atrevemo-nos a alargar este argumento às restantes componentes do aparelho de segurança nacional e a adicionar o factor contexto político, senão na perspectiva do interesse/desinteresse dos governos nas várias componentes do aparelho.