Sobre a temática do terrorismo foram já escritos várias centenas de livros e artigos, necessariamente uns mais válidos do que outros, pelo que, muitas vezes, nos abstemos de produzir qualquer comentário que apenas serviria para repetir o que outros estudaram e escreveram antes.
Se, num primeiro momento, designadamente após os ataques levados a efeito contra as embaixadas dos EUA no Quénia e na Tanzânia em 1998 – ou para sermos politicamente correctos após o 11 de Setembro de 2001 – fez algum sentido a proliferação de livros e artigos sobre o tema – infelizmente com muito pouco estudo sobre as origens e a evolução das tácticas terroristas o que levou a que alguns anunciassem o “novo terrorismo”, o “terrorismo catastrófico” e similares, esquecendo-se que, à parte as aparentes motivações de índole religiosa (e mesmo sobre estas ainda alguns autores teriam uma palavra a dizer) e as necessárias adequações por via do desenvolvimento tecnológico que a sociedade vive, nada de muito ou dramaticamente novo apresentaram estes actores utilizando tácticas terroristas – hoje, a proliferação de escritos sobre a matéria já não parece ter o mesmo interesse tanto pela falta de conhecimento sobre a matéria de que alguns autores dão provas, como pela incapacidade de gerar novo conhecimento.
Obviamente que, no século XXI, a dimensão quantitativa das vítimas é maior, por força das condições urbanísticas em que vivemos, designadamente da concentração de pessoas em espaços relativamente limitados, da disponibilidade de armas e de técnicas com maior poder destrutivo, do aproveitamento e transformação de outros instrumentos, como o automóvel (veiculo-bomba) que no passado não existiam, e da quase instantaneidade da informação ao nível global o que, para além de permitir uma audiência desproporcionada, também deu origem a novas formas de organização das células daqueles que utilizam as tácticas terroristas.
Na realidade, a utilização de santuários e o ataque levado a cabo nos territórios da coroa Britânica, ou em qualquer outro local em que a mesma tivesse interesses, já tinha sido teorizado pelo Clan na Gael no século XIX, o ataque a símbolos com significado histórico (quartel de infantaria de Salford, Manchester a 14 de Janeiro de 1881, a Ponte de Londres, a Casa dos Comuns e a Torre de Londres a 25 de Janeiro de 1885) e a meios de transporte de massas, designadamente o metropolitano londrino e estações de caminho-de-ferro (entre 1883 e 1887), já tinham sido levados a cabo pelos Fenianos (Irmandade Republicana Irlandesa), ou seja, muitos dos argumentos que serviram para, alguns, justificarem o estarmos perante um terrorismo novo, não colhe.
Ainda assim, o tema do terrorismo é, à semelhança de outras temáticas relacionadas com a segurança, um tema que “vende” sempre, independentemente da origem dos seus mais variados interesses.