Nos nossos artigos tentamos sempre evitar a crítica destrutiva e não nos queremos confundidos com aqueles que a praticam; tentamos sempre senão dar potenciais soluções (passe a arrogância não deliberada), pelo menos apontar eventuais caminhos a explorar. Obviamente que a nossa voz é quase inaudível, pelo que não temos ilusões de que não conseguiremos mudar a forma como os comentadores “comentam”. Mas tal não nos impede de tentar e… comentar.
A crítica é um exercício fácil e torna-se ainda mais fácil quando é mal-intencionada e destrutiva. É um facto da vida! Se a este exercício juntarmos a facilidade com que cada um se torna comentador, quer nos meios da comunicação social, quer na web, temos o paradigma no qual vivemos no século XXI, com tendência para piorar.
Na segurança, como em muitos dos outros campos da actividade humana, os “nossos” escribas de serviço, auto-intitulados de “especialistas” (do que quer que seja, ainda que nós não saibamos de quê), destilam o seu fel sobre o primeiro e mais recente motivo de interesse da comunidade, seja este uma manifestação de agentes de polícia, seja a aquisição de um qualquer sistema, entre tantos outros motivos de interesse (desde que sejam recentes e não deixem recordações nas mentes dos leitores para não correrem o risco de terem de se desdizer, algumas edições depois), raramente apresentando quaisquer propostas de solução para o motivo que os escandaliza e que descrevem sempre de uma forma incisiva e exaltada.
Nos poucos momentos em que se lembram de apresentar soluções, estas, normalmente, pautam-se por serem inexequíveis e ineficazes, mas politicamente corretas em função do campo onde militam (ainda que, também aqui, alguns espíritos humanos sejam muito volúveis).
Um dos problemas da crítica negativa é que produz estragos e não constrói, ou nada ajuda a construir, sendo, na generalidade dos casos, um exercício de auto-satisfação gratuito e, convenhamos, de muito curta duração.
Outro dos problemas prende-se com a degradação do discurso, qualquer que seja a área, levando a que este se nivele por baixo e conduza ao descrédito da área sobre a qual o discurso teve lugar.
A continuarmos desta forma, deixa de ser possível discutir-se, seriamente, assuntos que podiam ganhar outra luz e dimensão com a participação de várias outras pessoas. Assim, assiste-se a um discurso solitário e no vazio, a que já ninguém parece dar importância, potenciando mais incompreensão e desilusão, quando era suposto que tais discursos contribuíssem para o contrário.