SÓNIA PINOTE BERNARDES (Especialista em Psicologia Clinica e da Saúde Ocupacional, ULS São José), RUI NUNES (Ergonomista / Eur.Erg / TSST ULS São José), JOÃO CARVALHO (Ergonomista / TSST ULS São José), ISABEL AZEVEDO (Técnica Saúde Ambiental / TSST ULS São José)
Já diz o ditado: quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga. Neste contexto ainda temos o meio ambiente e situações imprevisíveis que podem ser fatores de risco que nem sempre permitem ao profissional prevenir todos as suas consequências.
Na nossa prática a relação mente e corpo é evidente face aos casos com que nos deparamos nas consultas e nas avaliações de risco ocupacional realizadas no terreno. Situações que se propagam no tempo, sem as devidas avaliações e intervenções, transformam-se em novelos de lã, onde a analise das causas raiz são agulhas num palheiro.
A revisão da literatura demonstra que alguns fatores de risco psicossociais, como trabalhos repetitivos e automatizados sem as devidas pausas e descansos, podem ser uma das causas no desenvolvimento e/ou agravamento das lesões musculoesqueléticas (LME) ligadas ao trabalho. Não atuam de forma isolada, mas o respetivo efeito associa-se aos fatores de risco individuais (ex. historial médico, capacidade física, estilos de vida e hábitos), fatores de risco biomecânicos (ex. posturas inadequadas, peso da carga e aplicação de força, repetitividade), físicos (ex. ambientes com má iluminação ou temperaturas baixas e exposição a vibrações) e organizacionais, agravando-os.
E por outro lado a existência de uma LME pode agravar ou acentuar a perceção de alguns fatores psicossociais, como quem trabalha num serviço de urgência, unidade de cuidados intensivos, bloco operatório ou outras áreas de atividade onde o stress, pressão temporal e a imprevisibilidade fazem parte do quotidiano. Trazendo muitas vezes a duvida nas avaliações de quem vem primeiro: o ovo ou a galinha?
Os Fatores de risco psicossociais (FRPS) são definidos pela Organização Internacional do Trabalho (1986) como as “interações entre o ambiente de trabalho, o conteúdo do trabalho, as condições organizacionais e as capacidades, necessidades, cultura e considerações pessoais dos trabalhadores que podem, através da perceção e da experiência, influenciar a saúde, o rendimento no trabalho e a satisfação profissional”. São inúmeros, múltiplos e emergentes fatores, estando definidos por quatro categorias no Guia Técnico nº3 da DGS. A questão crítica é a tomada de consciência individual destas possíveis relações.
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