ANTÓNIO SOUSA-UVA (Médico do trabalho, Imunoalergologista e Professor Catedrático)
1. Introdução
O trabalho tem representado sempre, ao longo da história da Humanidade, um papel central na atividade humana e tem, talvez, constituído um dos aspetos mais determinantes do desenvolvimento humano e das sociedades, já que, no essencial, contribui para a criação de riqueza. O seu valor tem variado muito ao longo da história e, desde a sua representação como pagamento da respetiva existência atribuída aos escravos até ao valor central que ocupa em muitas comunidades, tem existido um sem número de outras perspetivas da sua maior ou menor importância.
O trabalho é, de facto, influenciado não só pela sua maior ou menor (des)valorização pelas sociedades (e por quem trabalha e por quem cria trabalho) mas por múltiplos outros aspetos como a macroeconomia, a demografia, o desenvolvimento socioeconómico e cultural e, por exemplo, o nível (e o modelo) de industrialização, para não falar dos modelos políticos de organização das sociedades que têm, nesse aspecto, um papel determinante.
Como dizíamos anteriormente (Sousa-Uva e Serranheira, 2019), historicamente, o trabalho tem o seu étimo em “tripalium” literalmente três paus, um instrumento de tortura utilizado na Roma antiga para prender pessoas e torturá-las). Há, consequentemente, na história do trabalho a sua constante associação a uma certa dimensão de penosidade e não a aspetos de conforto ou de bem-estar ou ainda a qualquer outra dimensão numa perspetiva positiva, como é o exemplo da saúde. Na cultura judaico-cristã a referência ao trabalho é mesmo associada àquela penosidade, como se ilustra na frase do velho testamento “trabalharás com o suor do teu rosto”.
Nas últimas décadas o trabalho tem passado por uma profunda modificação nos sectores de actividade económica caraterizada, designadamente, por grandes mudanças tecnológicas e dos métodos de trabalho e, igualmente, por grandes mudanças na distribuição dos trabalhadores por esses setores de atividade económica, com uma afectação actual, entre nós, de cerca de três em cada quatro trabalhadores ao sector terciário (serviços).
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