Realizou-se mais uma edição do Segurex, feira que é apresentada como o Salão Internacional de Proteção e Segurança, evento de referência e único no setor em Portugal. A definição está correta e a prática revela, infelizmente, que o evento espelha fielmente a realidade do setor no nosso país.
E o primeiro sinal dessa realidade prende-se com a desproporção de expositores da área da “Safety” e da área da “Security”, com o predomínio esmagador desta última, fruto de alguma deriva securitária a que estamos a assistir na nossa sociedade, mas também do investimento que as empresas do setor decidiram fazer, não apenas para aproveitar essa “deriva”, mas igualmente para acompanhar o desenvolvimento tecnológico que na área se vive.
Mas esta desproporção revela igualmente outra realidade nacional. Todos nós temos a noção, e tem-se ouvido repetidamente em Seminários, Jornadas, Palestras e Workshops, que em tempos de crise como aqueles que vivemos (ou em que nos obrigaram a viver), a segurança do trabalho é uma das primeiras áreas onde se assiste a cortes, uma das primeiras áreas em que muitas empresas deixam de investir. E esse teorema ficou tristemente demonstrado neste evento. É cada vez menor o número de empresas do setor a participarem como expositoras. E se a ausência de várias grandes empresas, algumas delas de referência no nosso país, nos deveria fazer pensar, tal reflexão torna-se ainda mais urgente quando algumas das que ainda estiveram presentes neste certame nos confidenciam que vão pensar muito seriamente se valerá a pena participar na próxima edição.
Mas se essas ausências se devem a estratégias empresariais, discutíveis mas perfeitamente legítimas e que apenas a essas empresas dizem respeito, outra ausência há que nos afeta a todos e em relação à qual todos temos o direito, se não mesmo o dever, de exigir uma justificação.
Refiro-me, como é óbvio, à ACT. Pela segunda vez consecutiva, a ACT esteve ausente do evento internacional de referência nesta área no nosso país.
E estamos mesmo a ver os argumentos que poderiam ser apontados para essa ausência e que convém desmontar desde já. Um deles seria o dos investimentos necessários para a participação. Cai por terra. Em 2010 a ACT investiu (e não foi pouco) na aquisição de mobiliário próprio para este tipo de exposições, com a nova imagem da ACT. Foi usado uma vez, na edição de 2011. Depois disso foi guardado, mas existe, é adequado e a sua não utilização transforma um investimento num desperdício ou, pelo menos, num exercício de má gestão dos recursos. Resolvido o problema do “mobiliário” resta saber o que a ACT teria para distribuir ao público visitante. Parte-se do princípio de que uma instituição pública que tem, entre outras missões, a divulgação e sensibilização para os comportamentos preventivos e o combate aos riscos profissionais, deverá ter materiais com esse fim. Se os tem deveria disponibilizá-los em momentos específicos como este. Se não os tem não se percebe para que existe.