PAULO MACEDO (Professor Universidade Lusófona)
A teoria da surpresa e as falhas da inteligência são matérias conexas, estudadas há vários anos pelos mais diversos autores (Shackle, 1953; Burns, 1958; Wohlstetter, 1962; Jervis, 1976; Handel, 1977; Brodin, 1978; Levite, 1987; Wirtz, 2006; Kahana, 2008) e, ainda assim, continuamos a ser surpreendidos.
O ataque do Hamas a Israel, no dia 7 de Outubro, deixou algumas questões no ar, designadamente no que respeita ao que parece ter sido uma surpresa militar, ao facto aparente de Israel ter sido incapaz de a detectar e, numa primeira fase, efectivamente incapaz de lhe responder de forma eficaz.
Israel, ao contrário de outros países, procura aprender com os erros e, necessariamente por via de inquéritos levados a cabo por comissões independentes, responsabilizar quem eventualmente tenha tido culpas na ocorrência de um dado evento. A título de exemplo flagrante, recorde-se o contestado relatório da Comissão Agranat que analisou as falhas das Forças de Defesa de Israel no início da guerra do Yom Kippur, em 1973, levando indirectamente à demissão do governo de Golda Meir.
Tal como hoje ainda se discutem alguns aspectos da surpresa do ataque egípcio de 1973, podemos prever sem grande margem de erro que daqui a alguns anos teremos acesso a documentação minimamente fidedigna que nos possa elucidar sobre as reais causas que possibilitaram o ataque do Hamas com o sucesso inicial que, do seu ponto de vista, obteve.
Como é que um grupo terrorista consegue camuflar as suas intenções e capacidades até ao momento do aproveitamento da oportunidade? Como é que um grupo terrorista, sujeito a um bloqueio tecnológico muito significativo por parte do Egipto e de Israel durante os últimos 16 anos consegue derrotar, num primeiro momento, um dos Estados tecnologicamente mais avançados do planeta? Como é que consegue ultrapassar e derrotar uma fronteira suportada nos mais avançados meios tecnológicos de detecção, imagem e resposta automática e remota?
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