PAULO MACEDO (Professor – Universidade Lusófona)
Nesta altura seria inevitável olharmos para alguns momentos da nossa história contemporânea, desde a questão por demais publicitada do NRP Mondego até ao homicídio de duas mulheres no Centro Ismaelita em Lisboa, passando, naturalmente, pelo caos anunciado da TAP. Porque as temáticas, em alguma dimensão, se confundem, vamos olhar com um pouco mais de espaço para o caso do navio da Armada e deixar apenas duas notas referentes aos outros dois apontamentos citados.
O caso da infelicidade do homicídio de duas mulheres e dos ferimentos num homem no Centro Ismaelita de Lisboa suscitam-nos apenas duas considerações. A primeira é salientar, e aplaudir, a acção muito rápida e eficaz da Polícia, através de dois agentes que se encontravam nas proximidades em serviço gratificado e, segundo os órgãos de comunicação social, saídos de formação relativamente recente, o que parece comprovar a eficácia da formação e do treino recebido, para além das suas qualidades pessoais e profissionais.
A segunda consideração, pertencendo à dimensão que entendemos que perpassa as três situações, é a incompreensão da tentativa, por parte de alguns, em classificar aquele evento como um acto de terrorismo (que, num primeiro momento, até seria compreensível para o comum dos cidadãos, atendendo a eventos aparentemente similares ocorridos noutros países europeus) mesmo depois do Director Nacional da Polícia Judiciária ter afirmado que todas as linhas de investigação estavam abertas e que havia 99% de probabilidade do incidente não ser um caso de terrorismo.
É uma questão simples de confiança profissional numa instituição que não necessita de adjectivações adicionais; por outro lado, seria preferível que aqueles que tentaram classificar o evento como acto terrorista, sem que para tal existisse uma declaração clara e inequívoca por parte de quem de direito, dedicassem algum do seu tempo a olhar para a matéria do terrorismo em termos latos e tivessem noção da “lei” das consequências não-intencionais.
O caso da TAP, que tem enchido as páginas e os écrans dos media, independentemente das classificações de índole política que vão sendo propagadas, dá uma imagem que, interpretada extensivamente, poderá reflectir o que pode acontecer noutras áreas da decisão política. E, infelizmente, desenganem-se aqueles que possam acreditar que é uma questão do partido A ou B … talvez seja mais uma questão das circunstâncias.
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